quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Xícaras extras de café.

       Eu e minha mãe costumamos ter cafés da manhã intermináveis quando temos tempo. Intermináveis porque sempre começamos uma conversa muito interessante (ou não) que nos leva às xícaras extras de café sem açúcar.
  
      Ontem foi uma dessas manhãs. Conversávamos sobre como era o consumo na época em que ela era  criança, adolescente e jovem na casa dos meus avós.
Ela então começou a me contar algumas coisas que eu já tinha ouvido antes, mas poderia ouvir mais umas cem vezes.

     Minha mãe começou a narrativa falando que quando ela era pequena, a forma de comer não era como agora. Minha avó não costumava comprar doces, bolachas e essas besteirinhas que a gente costuma comprar. Por que? Porque ela era super a favor da vida saudável? Não. Porque eles não tinham dinheiro.
Não tinham dinheiro pra essas coisas. E quando minha avó comprava "danone" era um potinho pra cada filho (eram cinco) no mês inteiro.
    Eles nunca passaram necessidade, graças a Deus. Sempre tinha comida  bem gostosa na mesa (mesmo com a mistura sendo dividida e contada). Mas era uma relação diferente da que a gente tem hoje.
    Ela sempre se lembra com saudade, por exemplo, dos domingos pela manhã, quando ela acordava e sentia o cheirinho de café e de mortadela fresca que meu vô trazia só nesse dia.

    Hoje a gente tem "tudo" em casa e as vezes tem vontade de comer "não sei o que". Não quero dizer que a felicidade se resuma em não ter dinheiro pra comprar besteiras... não é isso...

     Bom, voltando à conversa, ela me disse também sobre as roupas que ela tinha. Isso depois de começar a trabalhar, é claro, porque antes o normal era ela e suas irmãs usarem as roupas que as tias passavam pra elas.
     Ela me contou sobre o vestido rosa, sobre a calça azul clara, a camisa de seda branca, o vestido de sol, as duas saias de linho (uma azul marinho e uma bege) e sobre a camisa listradinha. Deveria ter mais algumas, mas disse que suas roupas ocupavam uma gaveta e mais um pedacinho do armário (para os vestidos).
     Eram roupas muito boas que ela comprava em uma loja de uma conhecida que vendia roupas de "boutique" e facilitava o pagamento.  Roupas boas, mas poucas. As poucas que ela não ligava nem um pouco em repetir incontáveis vezes nos fins de semana.

Mãe, e maquiagem? Você usava?
- Usava um "coradinho" no rosto, um lápis de olho e batom.
Você tinha muitos batons?
- Acho que só tinha um. Usava sempre a mesma coisa.

     Ela ainda carrega muito disso. É uma pessoa muito satisfeita com o que tem. Até compra roupas novas, mas definitivamente está longe de ser uma de suas atividades preferidas. Tem no seu guarda-roupa camisas (bem bonitas) de mais de vinte anos, usa  pouca maquiagem e é muito elegante.

     Por que, pra mim isso faz mais sentido do que vejo hoje?

     Hoje é tudo tão mais fácil e você "pode" ter tanta coisa...

     ...no entanto, corremos o risco de não termos mais aquele casaco tão querido e nem aquela saia que nos cai tão bem, e de nos importarmos muito quando repetimos uma roupa, e de só termos em mente a próxima coisa que queremos ter.







terça-feira, 1 de outubro de 2013

O banquete.

      Não sei se todo mundo já passou por uma situação assim, mas eu sei que eu já...

      As vezes quando as dificuldades chegam (aquelas que te fazem descobrir que lágrima só pode ser uma substância infinita) a gente se pergunta "Será que eu tenho confiado em Deus de verdade?"

      Então quando pensava sobre isso, uma situação veio à minha mente. Eu sou uma pessoa que se importa bastante com comida. Me lembro de uma vez em que precisei ser internada, mas minha maior preocupação naquele momento era que eu não poderia comer a pizza de peito de peru com catupiry que nós costumávamos pedir na sexta-feira à noite, inclusive minha mãe, com dó mim, perguntou pra enfermeira se a gente podia pedir pizza no hospital hahahaha...
      Mas voltando à tal situação que veio à minha mente...eu pensei em uma criança que está com muita fome e implora pra sua mãe algo pra comer.A mãe prontamente diz que vai preparar um ótimo jantar e que a criança só precisa esperar porque logo logo o "rango" vai ficar pronto.
Acredito que o tempo da espera não tira o ronco do estômago (ele ainda dói, porque não foi preenchido pelo tal alimento que a mãe está preparando), mas a confiança na palavra da mãe faz com que essa dor não se torne desespero, a final, você sabe que ela está preparando a comida.

      Curioso...se eu estivesse na sala enquanto minha mãe escolhe o feijão na cozinha, eu poderia pensar, baseada no silêncio, que ela nem tinha começado a pensar no jantar... mas escolher o feijão, mesmo sendo uma etapa silenciosa é necessária pra um resultado final bem feito. 
      No entanto, as etapas mais avançadas da preparação, por já nos permitirem ouvir o chiado das panelas e o cheirinho dos temperos, ao mesmo tempo que aumentam nossa certeza na vinda do jantar, aumentam também nossa pressa pra comer.
      Gritamos então: Mãããããeeee vai demorar muito ainda????  :'(


      Penso que algumas situações da nossa vida, meio que são assim também... a fome é grande de mais e Deus nos diz que Ele está preparando um jantar e só é preciso esperar.
      Confiar na provisão do Pai não é parar de sentir a dor enquanto esperamos (somos humanos ué, fazer oq? Ele mesmo nos fez assim!), mas não nos desesperarmos, porque temos plena confiança na palavra do Pai.


      Penso que a posição a ser tomada é:  Não haja como se o Pai tivesse dito que não tem comida em casa pra você. Espere! Nem pense em se antecipar e dar "seu jeitinho" ao procurar comida num fast food qualquer. Quando você sentir o cheirinho da comida ficando pronta e a fome apertar, saiba...

...o jantar que o Papai prepara é sempre um banquete. Não porque mereçamos, mas porque Ele é bom.


e que a glória seja sempre pra Ele mesmo.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Eu estive pensando...

É como se cada pessoa tivesse o seu próprio mundo ideal.
Eu posso viajar para as montanhas ouvindo alguma música mequetrefe que toca sem parar nas rádios ou escolher uma boa seleção dos meus cantores favoritos (que não são tão conhecidos assim). É indescritível como eu vou ser feliz ao olhar as montanhas ao som das minhas músicas queridas e como vai ser nauseante suportar as voltas da subida da serra com as músicas (que eu considero) de péssima qualidade.
Eu posso ir pra praia e ler um bom livro sentada na areia em uma manhã fresca e me deliciar com esse momento, mas se eu for obrigada a tostar no Sol do meio dia e comer porções duvidosas de camarão (eca), não saberei dizer quão desagradável isso será.

Não é de se admirar que a gente tenha mais prazer em estar junto com quem tem o mundo ideal mais parecido com o nosso rsrs... mas isso nem sempre é possível.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Suficiente?


      
      Nesses últimos tempos eu tenho pensado sobre certas questões relacionadas à vida da igreja. Quando paramos pra fazer uma programação para o grupo de jovens, por exemplo, freqüentemente caímos naquela história de:
Músicas dançantes (mesmo que talvez tenha uma letra que não faça tanto sentido assim), cantores estilosos para os congressos, belas luzes, teatros com grandes efeitos especiais, vídeos bombásticos, decorações incríveis, palestrantes modernos, cartazes hipsters, uma cantina caprichada pra “comunhão” pós culto e tantas outras coisas. Tudo isso pra que os jovens venham e, achando tudo aquilo incrivelmente divertido, sintam-se motivados a continuar vindo à igreja.
      Aí nós dizemos uma frase bem bonita do tipo “temos mesmo que fazer o melhor pra Deus!” Sinceramente, não sei onde isso tem nos levado. Não quero dizer que nossas reuniões deveriam ser, na aparência, como as reuniões da igreja primitiva, mas sim no conteúdo. De uma coisa eu sei, o evangelho bíblico, aquele real, não se apega a milhões de subterfúgios pra “segurar” as pessoas. Até porque nós é que somos os carentes, carentes da graça de Deus, e Ele deixa isso bem claro!!!
         As vezes parece que a igreja percebeu que o mundo tem muitas coisas incríveis e por isso tem que competir à altura fazendo seus “big eventos” super produzidos para chamar as multidões.
      Não acho errado usar a arte e a tecnologia em nossas reuniões, muito pelo contrário,  mas meu medo é termos como prioridade coisas como essas, que quando bem feitas,apenas mudam nosso ânimo em um dia mau, mas não nossas vidas.
      E se um dia não tivéssemos mais nada disso, só o cristianismo puro e simples seria o suficiente?



      Que nossa boa performance não se torne mais importante do que nossas orações, nossas roupas bacanas mais importantes do que nossos corações, nossa maneira de falar mais importante do que a palavra de Deus e nossa popularidade mais importante que nossa comunhão.

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Beijo



sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Unlocked.


     Eu parei de escrever. Eu sempre gostei, mas de repente... parei. Sem aviso prévio, nem nada...só parei.

    Eu gostava de escrever sobre a vida, sentimentos, pessoas, situações. Mais do que escrever, eu gostava de compartilhar o que eu inventava aqui dentro da cabeça.
Só que com o passar do tempo eu fui considerando tudo que eu tinha a dizer desnecessário para as outras pessoas e no final das contas acho que acabei considerando desnecessário pra mim também.

    Todo tipo de exposição me pareceu uma grande tolice. Passei a viver realmente no "Sarah's locked room" (Quarto trancado da Sarah) mas acho que nem a Sarah podia mais entrar lá! hahaha

   Todo mundo quer opinar sobre tudo o tempo todo e eu não queria ser mais um desses, porque pessoas assim me aborrecem um bocado.
Aos poucos fui ficando caladona... e quando eu resolvia finalmente escrever alguma coisa, suscitava reações inesperadas. Aí cansei. Desisti.

    Fiquei meio chata. Perdi um pouco daquela minha cor característica. E do bom humor também. 

    Não, eu não virei uma chata de galocha com todo mundo haha (pelo menos acho que não) quem mais teve que me aturar fui eu.

     Não acho que será tão fácil voltar a dar a importância devida para os meus pensamentos... mas eu sei que serei mais feliz se fizer isso. 

   Então... acho que voltei.

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    Nesse meio tempo os cabelos brancos vieram como uma explosão vulcânica na minha cabeça. Que coisa desagradável! Só tenho 21 anos (em breve 22), mas a genética não dá trégua mesmo né. 

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Beijo.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Bolo.

Eu gosto de bolo de fubá e você de bolo de cenoura.


A gente pode sair pra comer naquela doceria depois do almoço de domingo. Eu o de fubá, você o de cenoura ou então a gente resolve comer o de chocolate, porque esse nós dois adoramos.


No sábado a tarde eu posso fazer o bolo de cenoura pra você comer enquanto assiste seu seriado favorito na TV e no outro, você pode trazer um de fubá pra eu comer com café bem quentinho.


Caso eu tenha um tempinho livre, posso até fazer meia receita de cada um pra nós dois ficarmos felizes...juntos.


Acho que relacionamento é meio isso.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

JAIL.



Queria entender por que não tiro os pássaros e lâmpadas colados desde 14 de janeiro na parede da garagem ...


Por que não me exercito no aparelho de ginástica que fica na lavanderia?


Por que não leio aquele livro que está aqui na estante há tanto tempo?


Por que eu não carrego meu ipod pra ouvir música no trem?


Por que eu não acordo mais cedo pra fazer um penteado diferente?


Por que eu não olho mais a Lua pela luneta?


Por que não escrevo mais no meu blog?


Por que não largo o facebook?


Por que não durmo só 20 min depois do almoço?


Por que não como só 2 colheres de arroz na hora do almoço?


Por que eu não desenho mais?




É terrível não fazer nada (ou quase nada) do que se planeja... 


... é mais terrível ainda perceber que não fez nada disso porque não conseguiu sair da prisão do marasmo em que você mesmo se trancou.






Deus, me ajude a me livrar de mim.